Selic em alta: como diversificar com ativos de baixa correlação com a taxa de juros?
22 de maio de 2025
22 de maio de 2025
Ciclo de aperto monetário afeta negativamente diversos mercados, como o de ações, mas tem menor impacto sobre outras classes de ativos, como alguns dos investimentos alternativos
Segundo o Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, a taxa Selic deve permanecer em níveis elevados durante 2025 e encerrar dezembro na casa de 14,75%[1], o maior patamar no fechamento de um ano desde 2005[2].
Os efeitos dos juros altos, como os de agora, são bastante conhecidos: eles aumentam o custo do capital, desestimulam a atividade econômica e, por consequência, impactam a trajetória e os planos de crescimento de grande parte das empresas da economia real.
Nos investimentos, esse cenário provoca uma movimentação natural. Com a expectativa de desaceleração econômica, muitos investidores migram parte do capital alocado em ativos de risco, como o mercado de ações, para instrumentos de renda fixa, onde há mais previsibilidade.
Embora essa seja uma decisão com fundamentos lógicos, não é o único caminho possível para quem tem visão de longo prazo e busca oportunidades de elevar o retorno da sua carteira em qualquer cenário. Isso ocorre por duas razões principais:
A recompensa das estratégias anticíclicas
A experiência indica que o retorno gerado por fundos captados e alocados durante períodos de crises ou de juros elevados tendem a superar com folga os investimentos realizados em tempos de atividade econômica em crescimento. De acordo com estudos de Robert Shiller, prêmio Nobel de Economia em 2013, investir quando a relação preço x lucro ajustada pelo ciclo (CAPE, em inglês) encontra-se cerca de 25% abaixo da média histórica, por exemplo, remete a ganhos em torno de 60% no longo prazo[3]. É exatamente a oportunidade que se coloca agora: comprar ativos descontados em busca de ganhos maiores dentro de alguns anos.
A oferta de ativos descorrelacionados
Embora a taxa de juros tenha efeito estrutural sobre a economia, nem todas as classes de ativos são impactadas da mesma forma pelas suas flutuações e mudanças de ciclo. Alguns investimentos com baixa correlação com a Selic são atrativas para quem busca manter a exposição a ativos de risco ,mesmo em tempos de aperto monetário.
A combinação desses dois fatores cria oportunidades especialmente no campo dos investimentos alternativos, que englobam asset classes de menor correlação com a taxa de juros do que os mercados convencionais e geralmente servem como instrumentos de diversificação para carteiras de longo prazo.
A estratégia de diversificar com alternativos é usada por gestores profissionais em várias partes do mundo, inclusive para administrar portfólios robustos. Nos Estados Unidos, por exemplo, os endowments de algumas das principais universidades do país, como Yale, investem em classes de ativos como private equity e venture de capital para gerar retornos de longo prazo capazes de financiar a atividade das instituições[4].
Especialista em ativos alternativos
Líder em alternativos na América Latina e com mais de US$ 40 bilhões nos Fundos sob gestão no mundo[5], o Patria Investimentos tem amplo conhecimento em classes de ativos com essas características. Destacamos a seguir três delas:
Infraestrutura: Projetos de infraestrutura, como rodovias, aeroportos, sistemas de energia e saneamento, tendem a gerar fluxos de caixa recorrentes e previsíveis, principalmente quando há contratos de longo prazo ou concessões. Isso cria uma base estável de receitas, pouco afetada pela mudança na política monetária. Para completar, a demanda por serviços essenciais, como energia, água, transporte e telecomunicações, geralmente se mantem alta independentemente de ciclos econômicos, o que proporciona maior estabilidade.
Private Equity: É uma estratégia que prevê o investimento em empresas nos mercados privados – ou seja, fora do ambiente de bolsa. Esse é um investimento ilíquido e de longo prazo, no qual o dinheiro tem de permanecer investido por vários anos para viabilizar o crescimento da empresa e o retorno diferenciado pretendido. Por conta dessas características, os movimentos de curto prazo na taxa de juros acabam gerando menos impacto. De maneira geral, nos fundos de Private Equity o desempenho está mais ligado à capacidade dos gestores de impulsionar as empresas e consolidar setores do que à política monetária em um dado momento.
Além dessas três estratégias, vale a pena conhecer como se comportam no cenário atual os Fundos de crédito estruturado - veículos que, além de investir em papéis disponíveis no mercado de capitais, fazem estruturação e originação de crédito para empresas, geralmente com garantias reais.
Embora a dinâmica desses fundos tenha uma relação direta com a taxa de juros, os efeitos são distintos de outras classes de ativos que perdem valor com a elevação da Selic. À diferença de grande parte dos ativos de renda variável, eles não sofrem impacto imediato quando o Banco Central determina uma alta dos juros, já que seu retorno não está ligado à expectativa do mercado, mas ao recebimento de pagamentos dos tomadores de crédito conforme regras de contratos estabelecidos anteriormente
Além disso, em alguns casos o aumento do custo do capital pode até fazer com que empresas de menor porte saiam do foco do setor bancário e procurem fundos desse tipo para suprir sua necessidade de crédito no mercado de capitais, gerando oportunidades para investidores. Os gestores, então, podem mitigar o risco com a exigência de garantias mais robustas e repassar o aumento de juros praticando spreads mais atraentes.
Como se pode notar, a elevação dos juros não significa que a única estratégia oportuna sejam os instrumentos tradicionais de renda fixa. Existem diversos caminhos fora dos mercados convencionais e das oscilações da marcação a mercado - especialmente para quem tem condições e perfil para aguardar a valorização dos ativos em horizontes de tempo maiores do que os ciclos de juros.
Se esse é o seu caso, converse com seu assessor de investimentos e avalie o uso de algumas dessas asset classes para diversificar sua carteira.
De olho no mercado de investimentos alternativos
Ativos alternativos são uma ferramenta poderosa para a diversificação, com foco em ampliar retornos e diminuir a volatilidade do portfólio. Nos canais do Patria, você tem acesso a informações e insights sobre as principais classes de ativos desse segmento, como private equity, infraestrutura, real estate, crédito e muito mais.
Para não deixar nada passar e continuar tendo acesso a informações que podem potencializar sua estratégia de investimentos, fique atento à seção Insights da nossa página institucional e siga nossos canais no Linkedin, Instagram e Spotify!
1 Conforme Relatório de Mercado de 2 de junho de 2025
2 https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/historicotaxasjuros
3 https://valor.globo.com/financas/coluna/sem-investimento-em-inovacao-nao-ha-futuro-e-a-hora-e-agora.ghtml
4 “Como investir como um fundo patrimonial”, disponível em https://encurtador.com.br/p35zG.
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