Home bias: o que é e como interfere na sua carteira de investimentos
18 de novembro de 2024
18 de novembro de 2024
Conheça o viés cognitivo que afasta o investidor de aproveitar oportunidades no exterior e otimize sua estratégia
De acordo com a neurociência, as decisões que tomamos em nossas vidas nem sempre são racionais - mesmo que nos pareça o contrário. Isso ocorre porque muitas delas são guiadas por "vieses cognitivos", como são chamadas certas distorções de julgamento que nos levam a tomar resoluções sem fundamento lógico.
O conceito foi apresentado pelos psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky, em 1974, com a publicação do artigo “Julgamento sob incerteza: heurísticas e vieses”, no qual eles descreveram os atalhos simplificadores do pensamento intuitivo e apresentaram ao mundo vinte tipos de vieses.
É verdade: falar sobre neurociência, heurística e outros termos correlatos pode parecer complexo e distante do nosso dia a dia. Mas o fato é que você certamente já viveu essas distorções de julgamento em situações cotidianas, ainda que não tivesse ciência da sua existência. Quer ver?
O viés da disponibilidade, por exemplo, é aquele que nos leva a julgar as chances de um evento acontecer com base na facilidade com que uma informação de referência vem à mente.
Imagine, então, que você presenciou um ou dois acidentes de carro recentemente. Nesse caso, existe uma alta probabilidade de você afirmar que o trânsito está cada vez mais perigoso, mesmo que, no geral, as ocorrências estejam em queda.
Pronto, seu pensamento já encontrou um viés que pode afastá-lo da resposta mais racional. E situações similares acontecem com frequência sem que a gente perceba, inclusive na economia e nos investimentos.
Vieses cognitivos aplicados ao mundo financeiro
O trabalho de Kahneman foi decisivo para a emergência das finanças comportamentais, área do conhecimento que estuda a influência de fatores cognitivos, emocionais, culturais e sociais na tomada de decisão dos investidores.
Dentro desse campo, um dos vieses mais conhecidos é o do home bias (ou viés de familiaridade, em português). Segundo o conceito, os investidores têm preferência por investir no seu próprio por país por se sentirem mais no controle da situação ao alocar recursos no que está perto e no que eles conhecem melhor - e não necessariamente por encontrarem "dentro de casa" as melhores oportunidades.
O investidor brasileiro, em particular, tem uma cultura bastante arraigada de concentrar investimento no mercado local. Um estudo publicado no Journal of International Money and Finance, por exemplo, mostrou que, de 40 países analisados, o Brasil era apenas o 33º com maior diversificação de portfólio entre ações nacionais e internacionais.
Por aqui, os ativos domésticos dominam amplamente a carteira dos investidores locais, com uma representação superior a 90%. Esse cenário contrasta fortemente com geografias como Noruega, Países Baixos e Reino Unido, onde esse percentual não chega a 40%.[1] [RK1]
De certa forma, o viés acentuado do investidor brasileiro é até compreensível. Sabendo que o mercado local historicamente conta com juros altos, o que implica retornos elevados na frenda fixa, muitos se sentem desestimulados a pesquisar oportunidades em outros países.
No passado, especialmente, alocar recursos no exterior poderia ser menos atrativo, dado que parecia um movimento mais complicado. Para seguir essa estratégia, era necessário percorrer um processo mais complexo e burocrático do que no mercado doméstico, que envolvia papeladas e assinaturas físicas.
Hoje, no entanto, a situação é bem diferente. Com a evolução do mercado e a transformação digital do setor financeiro, contratar investimentos internacionais por meio de corretoras locais ficou tão fácil quanto aplicar em ativos no próprio país – bastam alguns toques no celular.
Além disso, os serviços de assessoria cresceram exponencialmente. Isso significa que os investidores pessoa física não precisam realmente aprender detalhes sobre a legislação, a moeda ou outros aspectos de cada geografia. Em vez disso, podem contar com as recomendações de profissionais que conhecem a dinâmica de cada mercado e entendem profundamente de investimentos.
Oportunidades no exterior: diversificação de investimentos
A melhor forma de escapar do home bias é tomar consciência sobre a sua existência e analisar com frieza se investir em outros mercados é ou não pertinente para a sua estratégia. Mas por que, então, investir fora do país se existem ativos com rentabilidade elevada aqui mesmo no Brasil?
A principal vantagem é aumentar a diversificação - e isso ocorre de várias maneiras. Ao alocar parte dos recursos no exterior, por exemplo, o investidor deixa de estar 100% exposto ao Brasil e fica menos vulnerável a eventuais cenários adversos no mercado local. Assim, se houver turbulências por aqui, o desempenho de outros mercados pode compensar ou suavizar o impacto.
Ampliando o horizonte para outros países, você também pode acessar setores pouco representados no Brasil (como alta tecnologia e inteligência artificial); se beneficiar da força de outras moedas, como o dólar e o euro; e investir em mercados alternativos maiores e mais desenvolvidos que no Brasil, como private equity, real estate e outras classes de ativos.
Com todas essas possibilidades, o investidor encontra caminhos para levar a diversificação a um nível impossível com uma carteira 100% local, desfruta de oportunidades que não estão disponívei[RK2] s por aqui e pode perseguir um retorno ajustado pelo risco superior para otimizar sua estratégia de longo prazo.
Como investir em ativos internacionais?
Para alocar recursos no exterior, os investidores devem, preferencialmente, contar com o apoio de gestores que tenham ampla familiaridade com esses ambientes de negócio para identificar e operacionalizar as melhores oportunidades.
É o caso do Patria, gestora de recursos líder em ativos alternativos na América Latina e que conta com equipes especializadas alocadas em diversas geografias, como Estados Unidos e Europa, para oferecer aos clientes as melhores oportunidades de investimentos.
Em 2024, o Patria ampliou sua presença internacional por meio da aquisição do braço de soluções de private equity da abrdn[RK3] , gestora global baseada na Escócia. Com isso, a vertical de Global Private Market Solutions, que atua nos mercados privados das principais economias do mundo, alcançou um total de US$ 11,8 bilhões sob gestão no segundo trimestre do ano[2].
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Para saber mais sobre investimentos alternativos no exterior, fique atento à seção Insights do nosso site institucional e siga nossos canais nas redes sociais. Não deixe, também, de assistir no Youtube aos episódios 2 e 9 da nossa série Conversa de Fundos, que trataram de investimentos internacionais.
Leia também:
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[1] Journal of International Money and Finance
[2] https://ir.patria.com/node/7936/pdf (página 10)